Identificando o real com o racional e fazendo do princípio de identidade a premissa fundamental da razão, Parmênides inaugurou o pensamento metafísico que, sistematizado no platonismo, entende como ilusório o mundo dos sentidos.
Parmênides nasceu em Eléia, na Magna Grécia (sul da Itália), por volta de 515 a.C. É possível que tenha sido discípulo de Xenófanes de Cólofon. Foi talvez legislador em Eléia, onde teria também fundado uma escola semelhante aos institutos pitagóricos, para o ensino da dialética. Sua única obra conhecida é um longo poema filosófico em duas partes e 150 versos, chamado “Da natureza” ou Sobre a verdade, do qual só restam fragmentos.
Assim como outros pensadores pré-socráticos, Parmênides enfrentou uma questão central: a busca de um princípio, ou arkhé, subjacente a todas as coisas, e a determinação de um traço de união entre esse princípio e a realidade do mundo físico, em constante mutação. Para Parmênides, tudo o que existe constitui uma única realidade: o ser, que ele identifica com o pensamento, uma vez que só se pode pensar sobre aquilo que existe. Esse ser é incriado, imóvel, imutável, homogêneo e esférico, ou seja, fechado em si mesmo. Não pode, portanto, mudar; o aparente movimento das coisas não seria senão um engano dos sentidos. Nesse aspecto, Parmênides se opunha radicalmente a Heráclito, filósofo pré-socrático para quem a mudança era o princípio fundamental da realidade. Admirado por Aristóteles e por Platão, que deu seu nome a um dos Diálogos, Parmênides formulou pela primeira vez o princípio de identidade, ou da não-contradição, segundo o qual o ser é e o não-ser não é, base de toda a lógica posterior. Não se conhece a data de sua morte, mas se sabe que aos 65 anos, acompanhado de seu discípulo Zenão, teria ido a Atenas, onde possivelmente conheceu Sócrates ainda moço.